O Centro do Rio vai ganhar um HUB de energia e finanças!

O histórico edifício do Automóvel Clube, localizado no Centro do Rio, está sendo reformado pela Rio-Urbe. O prédio vai ser transformado em um HUB de economia verde e finanças: o CENTRO DE ENERGIA E FINAÇAS DO AMANHA.

A ideia é reunir, no mesmo lugar, empresas que atuam nos segmentos de economia verde e transição energética, universidades e governo, com o tripé mercado, educação e pesquisa.

A Empresa Municipal de Urbanização vai fazer a restauração das fachadas e dos elementos decorativos do imóvel, mantendo todas as características originais. Serão construídas, também, duas novas escadas de acesso aos pavimentos e instaladas portas e janelas no padrão das originais.

O projeto inclui, ainda, a implantação de infraestrutura de telecomunicações, de sistema de combate à incêndio, além de execução de sistema de climatização e acessibilidade.

Quem me acompanha sabe muito bem que quando fui nomeado como Diretor geral do INEPAC uma das minhas maiores prioridades era o caso do prédio do Aumomovel Clube/ Cassino Fluminense .

Quando cheguei no orgao em 20 de maio de 2019 , nem Vistoria se fazia ha muito tempo. Naquela epoca chegamos a vistoriar o predio 4 ou 5 vezes, procurando alguem do Estado que pudesse se interessar pelo predio, mas a pandemia eclipsou uma tratativa que era promissora e estava em andamento com o Consulado da China, que demosntrara interesse em ate comprar o bem e restaura-lo criando a Casa China-Brasil .

No dia 03 de Março de 21 foi realizada uma reunião reunindo gente do órgão estadual gestor de patrimônio a equipe da Secretaria Municipal de Turismo do Rio de Janeiro. O motivo era tentar traçar um plano de ação emergencial e uma maneira exequível de se fazer ALGO a favor da recuperação do antigo prédio do Cassino Fluminense e que abrigou o AUTOMOVEL CLUBE DO BRASIL na Rua do Passeio 90. Apesar de exonerado em 20 de janeiro de 2020 eu passei informações importantes e apresentei as pessoas chaves nessa historia toda e entao foi feita uma reunião para alinhar interesses e uma metodologia de ação emergencial.

Cabe lembrar que desde que assumi a Direção Geral daquele orgao estadual em 20 de Maio de 2019 uma das minhas maiores preocupações era o estado crônico de abandono de vários bens tombados por décadas.

Depois de muito tempo, um elemento NOVO que temos nessa História toda é que cansado de alguma ação, levamos o caso do Automóvel Clube ao MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL em 2021 fornecendo todos os detalhes do que vinha acontecendo de 2014 para cá.

No caso do ACB, um dos principais entraves é a equipe que pretensamente cuidava dele, pois acreditavam que se não era para fazer uma restauração sistemática e rigorosa , não permitiriam que o imóvel fosse tocado .

A verdade é que na área de Patrimônio alguns servidores passam a achar depois de um tempo que eles sao “os donos” do Patrimônio… E se eles nao fizeram nada no passado para mudar o estado de abandono nao poderiam aceitar que outros pudessem fazer … pois, se conseguissem, iria caracterizar a incompetência e inabilidade deles.

Pois bem ! Ao longo de varias décadas nada se fez em favor de sua recuperação mesmo que de forma paliativa e o resultado nós vimos em 12 de Maio de 2020, quando o telhado central do ACB não resistiu e colapsou , arrastando paredes e sua rica decoração e virando uma montanha de escombros no seu interior.

Mas… eis que o Prefeito mudou, a sua equipe mudou e a Prefeitura pensou em recuperar o prédio e agora com a Graça de Deus esse projeto esta se tornando uma realidade e apesar das instalaçaoes nao estarem sendo utilizadas para fins cultuarais, esse uso planejado fará a manutençao do predio daqui por diante e isso é o que mais importa. Pois, independentemente do USO que irá ter o que mais importa é que o prédio será RECUPERADO e será UTILIZADO .

Portanto vamos cumprimentar a Prefeitura e o Prefeito por este passo importante no sentido de sua preservaçao !

Um pouco da História .

Após chegar ao Brasil, uma parte da corte portuguesa desejava um local nobre para se instalar. Anos antes, mais precisamente em 1783, foi construído o Passeio Público (primeiro parque público da América Latina), o que valorizou muito aquela região da cidade, que antes era mal ocupada pelas nada agradáveis águas da Lagoa do Boqueirão. E foi no Passeio que essa parcela da elite lusitana decidiu morar.

Nessa área, se encontrava a residência do Marquês de Barbacena – projetada pelo arquiteto Araújo Porto Alegre – que depois de alguns anos foi adquirida pelo comendador Machado Coelho.

Décadas depois, em 1845, o prédio foi alugado para o recém-criado Cassino Fluminense, que fazia a alegria da corte – que a essa altura já não era só portuguesa. O sucesso do Cassino foi tão grande que o edifício precisou ser comprado.

Nove anos após o início do aluguel, a construção foi comprada e passou por profundas reformas que resistem até os dias atuais. São do período que vai de 1855 até 1860, a fachada e os principais espaços internos.

O tempo passou e o prédio passou a ser ocupado para fins menos festivos e mais sérios. No contexto da proclamação da república, o edifício, em 1890, teve a instalação do congresso através da convocação da Assembleia Constituinte Republicana.

No inicio do século XX, a construção deu a partida para ser o que é hoje em dia.

“A partir do ano de 1900 o imóvel passa a abrigar o Clube dos Diários, composto pelos poucos proprietários de carros na cidade e que durante o final de semana viajam a Petrópolis. Em 1910 é adquirido pelo mesmo. Neste mesmo ano se inicia uma nova reforma sob o traço de Joseph Gire, executada pela construtora Januzzi, responsável pela instalação da port-couche metálica na portada principal e pela ornamentação de estilo eclético” disse Arthur em um texto para a seção histórica do site da prefeitura do Rio de Janeiro.

A fusão com o Automóvel Clube se deu em 1924. Nesse período, mais reformas foram realizadas, como as dos salões laterais.

No início da ditadura militar, o Automóvel Clube assumiu um novo perfil , Embora não tenha deixado de ser um espaço de lazer para os amantes de carros, o espaço, em 1964, serviu como ponto de encontro de políticos e base para comícios como o de João Goulart durante um baile das forças armadas em 30 de março, que funcionou como estopim do golpe.

O edifício ficou sob o controle do Automóvel Clube até os anos 1990. Nessa década, assumiu também a função de posto do Detran-RJ.

Em 1996, o prédio pegou uma estrada para o passado. Nesse ano, por falta de dinheiro, o imóvel foi alugado para a instalação do Bingo Imperial. Embora o glamour fosse diferente, o acontecimento remeteu ao passado do Cassino Fluminense.

Com um tranco de uma parte da população, que realizou diversos protestos, o edifício foi leiloado e arrematado pelo município do Rio de Janeiro.

Em 2003, o prédio voltou a ser ocupado pelo Automóvel Clube do Brasil. Porém, no ano seguinte, foi esvaziado e se encontra sem uso até os dias atuais.