Um dos grandes problemas da ARQUEOLOGIA é a fase de prospecção. Por mais que o arqueólogo tenha experiência e por mais que alguns pontos sejam propícios a descobertas arqueológicas… a efetiva descoberta de uma jazida arqueológica muitas vezes pode surpreender .
Em 2007-8 nós fizemos um trabalho de Arqueologia e tivemos uma vantagem excepcional . A PUC era responsável por uma pesquisa complexa na região que ía de Japeri ate Duque de Caxias e nesse trabalho incluía a detecção de possíveis sítios arqueológicos.
Um dos problemas que os arqueólogos no Brasil tem é quando o trabalho ainda esta no começo é os empreendedores mudam a diretriz dos traçados e muitas vezes a área pesquisada acaba sendo alterada depois na época de execução da pesquisa. Mas, alem das prospecção normais feitas com cavadeiras, tivemos uma vantagem unica na Arqueologia…
A PUC é uma das poucas instituições que tem nos seus equipamentos o GPR, que é o Ground Penetrating Radar que é uma maquina fantástica que faz uma varredura tipo escaneamento da subsuperfície e em uma profundidade que pode chegar ate 3 m de profundidade .
OU SEJA, se existir um sepultamento, um artefato ou uma estrutura, o radar vai detectar e isso será a garantia de onde a Arqueologia deve escavar , sem precisar abrir o solo sem necessidade .
Mais recentemente, fomos chamados por um empreendedor para testemunhar a excelente vantagem da aplicabilidade do GPR no caso de uma pesquisa que estava tendo problemas na sua execução no centro do Rio e seu término estava sendo protelado indefinidamente pela arqueóloga e uma vez que foi definido que seria aplicado o GPR na área, houve logo um desfecho .
Em suma, medidas do campo magnético terrestre são muito aplicadas na prospecção arqueológica, tanto por fornecerem ótimo resultado, como por serem rápidas e envolver custo baixo. Em trabalhos realizados na Amazônia este método tem produzido resultados excelentes, principalmente na Ilha de Marajó, e considerando a alta incidência de sítios arqueológicos na região.
Nos ambientes de Arqueologia Pré-histórica, as anomalias magnéticas podem ser causadas por aquecimento intenso do solo produzido por fogões e fogueiras, pelo revolvimento do solo e pelo enterramento de objetos, entre os quais se destacam, na Amazônia, vasilhas, fragmentos cerâmicos e urnas funerárias elaborados com argila, bem como matéria orgânica (lixo).
As fogueiras mantidas sobre o solo criam um ambiente redutor, que favorece a formação de magnetita (principal mineral responsável pela magnetização dos materiais geológicos), quando quantidades moderadas de ferro estão presentes no solo. Por outro lado, os solos perturbados por enterramentos frequentemente tornam-se localmente oxidantes, criando um ambiente que destrói a magnetização presente ou pode transformar a magnetita em hematita-γ, que é um mineral um pouco menos magnético Também, a decomposição de matéria orgânica (lixo e restos de madeira), enterrada no solo durante a ocupação humana, pode produzir bactérias anaeróbicas que são capazes de transformar, por redução, o mineral hematita-α (não magnético) em magnetita. O embasamento da aplicação do Método Magnético na pesquisa arqueológica descrito por Aitken ( Cf. AITKEN MJ. 1961. Physics and Archaeology. Interscience, N.Y. ).
Nos ambientes de Arqueologia Histórica podem ser evidenciados remanescentes de construções, de objetos de metal cerâmica e vidro e de todos os itens de cultura material que faziam parte do grande universo da Arqueologia dos Períodos Colonial e Imperial.
O método GPR consiste na irradiação de ondas eletromagnéticas de alta frequência a partir de uma antena transmissora colocada nas proximidades da superfície do terreno, as quais se propagam nos materiais da subsuperfície, sofrendo reflexão, refração e difração. As ondas que retornam à superfície são detectadas na mesma antena transmissora ou em outra antena colocada próximo. O tempo decorrido entre o instante em que o pulso é irradiado e a detecção do sinal que retorna a superfície, é registrado, permitindo que se estimem as profundidades das interfaces refletoras, desde que seja conhecida a velocidade de propagação das ondas no meio. As interfaces refletoras são definidas sempre que ha variações nas propriedades eletromagnéticas do meio (condutividade elétrica, permissividade elétrica e permeabilidade ou susceptibilidade magnética).
O GPR tem aplicação na arqueologia por ser um método de investigação não destrutivo, sendo utilizado para pequenas profundidades (menores que 3 m), contribuindo para a confirmação das anomalias magnéticas e indicando a profundidade das fontes de anomalias magnéticas, dando segurança na demarcação dos locais para escavações e reduzindo os erros causados por falsas anomalias. Outra vantagem do GPR é a sua contribuição para a redução no tempo de exploração, pois as zonas anômalas podem ser visualizadas durante a coleta dos dados.
Feições arqueológicas como solos de ocupação, urnas e dutos enterrados, alicerces de construções e túneis produzem padrões nos registros do GPR bem característicos e podem ser distinguidos dos padrões associados ao material naturalmente depositado durante os processos geológicos. Dentre esses padrões destacam-se as descontinuidades laterais nos refletores presentes nos registros, causadas normalmente pelo revolvimento do subsolo durante os enterramentos, e as formas hiperbólicas, que podem ser causadas pela presença de urnas, dutos e alicerces de construções.