FATOS SOBRE A IGREJA DE SAO PEDRO DOS CLÉRIGOS, OUTRORA EXISTENTE NO LOCAL DA AV PRES. VARGAS NO CENTRO DO RIO

A igreja de São Pedro dos Clérigos foi um dos mais importantes edifícios do Rio Colonial. Sua existência foi eclipsada e vitimada pelo surto de modernidade do século XX, e de um pensamento vigente no entreguerras, segundo o qual resolver os problemas da cidade era resolver os seus problemas de tráfego. A igreja estava no caminho da Avenida Presidente Vargas e por isso foi demolida em 1943.

A igreja São Pedro dos Clérigos, construída em 1733 no Rio de Janeiro, é uma das pioneiras das igrejas da Irmandade de São Pedro dos Clérigos construídas no Brasil; foi pioneira também em seu projeto, sendo um dos primeiros a se afastar da influência lusitana, se aproximando de um estilo de tradição italiana. A autoria de seu projeto é desconhecida, havendo somente especulações em torno do engenheiro Tenente-Coronel José Cardoso Ramalho e do Dr. Antônio Pereira de Sousa Calheiros. A igreja foi demolida em 1944 e estava localizada em um terreno na esquina das ruas São Pedro e Rua dos Ourives, atualmente Rua Miguel Couto.

Sua construção é datada de 1733, sua construção deu-se de forma rápida, onde, a partir do lançamento da pedra fundamental a igreja foi finalizada em cinco anos. A igreja tem influência do barroco e rococó, além de ser marcada pelo estilo de produção italiano visíveis na sua planta circular e capela intrincada, características quais não vieram a se repetir com frequência na arquitetura brasileira.

igreja São Pedro dos Clérigos sofreu reformas e restaurações em: 1794-5, 1801-2, 1853 e 1856-9; e assim que foi criado a diretoria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1937, atual IPHAN, ela foi uma das primeiras a receber o tombamento individual.

Durante o Estado Novo de Vargas, o Brasil passou por um processo de transformação que, dentre uma das suas pautas, incentivava a modernização. Com a falência da produção cafeeira e os reflexos da revolução de 30, buscou-se uma nova face no campo político.

“…o processo de urbanização e industrialização atinge as camadas médias e as massas urbanas, que passam a exigir participação política. As reivindicações e pressões dessas novas forças levaram à contestação do Estado oligárquico agrário, na medida em que este era incapaz de absorver suas demandas. Progressivamente, São Paulo e Minas apropriaram-se do poder central e instituíram a chamada Política do Café com Leite, segundo a qual paulistas e mineiros se revezavam no governo da República.”

Nesse contexto, é pensada a criação da Avenida Presidente Vargas causando a demolição de diversas construções coloniais, dentre elas, a Igreja São Pedro dos Clérigos; houve, inclusive, um projeto que propunha substituir a parte inferior das paredes da igreja por concreto e a utilização de rolos para deslocá-la para o outro lado da avenida; esse processo já era realizado na Europa com rolos de aço, contudo, o aço estava escasso devido a guerra e sugeriu-se o uso de concreto. O projeto não foi realizado devido a fissura dos rolos concreto quando exposto aos esforços e o risco de desmoronamento da igreja durante o processo.

Planta São Pedro dos Clérigos

Demolida em 1944, a capela da igreja São Pedro dos Clérigos se manteve e seu desmonte abasteceu outras igrejas do Rio de Janeiro, além do mercado de arte. “Pudemos ver, tomos da sua cúpula, enormes cabeças de anjos acopladas a terminações de volutas, na exposição O Universo Mágico do Barroco de 1998. Querubins retirados de seu corpo fazem parte do acervo do Museu de arte Sacra de São Paulo. A imagem venerada no altar-mor, assim como a portada principal da capela, de fatura excelente, foi trasladada para a nova igreja de São Pedro que se fez construir no Rio Comprido, no Rio de Janeiro.

A igreja possuía planta curvilínea, além de nave oval, capelas laterais ovais, nártex ou galilé, coro e o altar-mor localizado no centro da planta. Ademais, a igreja era dotada de duas torres sineiras ambíguas e fachada arqueada; sua porta pivotante era de madeira talhada e, após sua demolição, foi colocada na igreja nova igreja do Rio Comprido.

O trabalho de talha dourada (talha rococó) feito no interior da igreja foi atribuído ao Mestre Valentim a partir de comparações com obras efetivas do artista. A igreja era marcada por sua cúpula pousada sobre a nave, ornamentada com anjos e decorações atribuídas ao apóstolo São Pedro. Exteriormente, a cúpula possuía um lanternim que abria espaço para a iluminação natural da igreja e apenas a parte superior do seu zimbório participava da volumetria externa.No altar mor, havia uma imagem de origem portuguesa do santo patrono da igreja representado em trajes pontificiais e assentado em sua cátedra. Com a demolição, também foi transportada para a igreja do Rio Comprido e recebeu diversas alterações. Sobre os altares laterais, Ana Maria Monteiro fala da existência de um retábulo dedicado a São Gonçalo e outro a Nossa Senhora da Boa Hora.

Hoje, os seus fragmentos e suas talhas se encontram pulverizados entre inumeros colecionadores e museus do mundo todo.

Mas nao atribuir críticas a quem preserva esses fragmentos ! Pensar que a Igreja foi demolida e quem guardou esses fragmentos foram pessoas devotas e pessoas que amavam o Patrimonio e desse forma salvaram esses fragmentos de serem destruidos .