A salvaguarda do Patrimônio histórico tem sido colocada em xeque há muitos anos e muitas vezes o trabalho dos gestores do patrimônio cultural e da polícia tem sido em vão, pois muitas vezes não se consegue elucidar o paradeiro de bens culturais roubados.

Mas, em fevereiro de 2020, em meio a um quadro tenebroso de saques e vandalismo aos monumentos do Rio de Janeiro o arqueólogo Claudio Prado de Mello disponibilizou um telefone que chamou de BRIGADA DO PATRIMONIO (21 – 98913-1561), que recebe denúncias sobre danos, vandalismo e furtos. Com isso, a situação tem mudado sensivelmente pois a população tem fornecido pistas sobre muitos casos. Esse ideia, se uniu-se aos amigos que ja haviam criado uma pagina no Facebook e fizeram uma parceria . Apesar de atuaçao distintas, o objetivo eram de certa forma relacionados .

Na terça-feira, dia 21 de dezembro, recebemos a informação de um senhor de Brasilia informando que em um shopping estava sendo vendida uma antiga pia de lavabo esculpida em pedra de lioz e com inscrições referentes a uma igreja tombada no Rio de Janeiro. A informação correu entre os preservacionistas que se indignaram com a audácia da venda e recebemos a notícia da oferta de venda do objeto em Brasilia.

Curiosamente, em dezembro de 2020, o jornalista Chico Otavio, de O Globo, inclusive fez uma matéria que falava da corrupção ligada as antigas Irmandades e do estado precário dessas Igrejas.

A Igreja da Irmandade do Nosso Senhor do Bonfim e Nossa Senhora do Paraíso se situa a Rua Monsenhor Manoel Gomes, 241 e foi construída em terreno cedido por Dom Pedro II e hoje esta em estado terminal e sendo saqueada diuturnamente.

Toda essa história, todavia, havia começado no domingo de Páscoa de 2019 quando uma denúncia anônima encaminhada ao arqueólogo Claudio, informava que objetos estavam sendo retirados da Igreja do Bonfim no bairro do Caju. Acionada à Polícia, as pessoas detidas foram levadas para a 17a DP de São Cristóvão, mas depois liberadas, alegando que estavam retirando as peças para serem levadas para restauração. No entanto um registro de ocorrência foi gerado na ocasião.

O próximo capítulo dessa história ocorreu a 21 de dez de 2020 quando chegou ao conhecimento que a peça estava em Brasília e o próximo passo foi seguir para a Policia para complementar a informação. No dia seguinte (22), a Polícia de Brasília com o empurrãozinho do Preservacionista Fabiano de Carvalho seguiu em diligencia ao local e apreendeu a peça para Perícia, estando agora sob a custódia da PCDF até ser elucidada a questão. O Comerciante afirma ter um recibo de compra do responsável pela Irmandade e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade que tombou a igreja em 2007 afirma que a peça faz parte do tombamento do prédio…

– Considerando o pronunciamento do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, que consta no processo 12/002291/99; DECRETA: Art. 1º Fica tombada definitivamente, nos termos do art. 1º da Lei n° 166, de 27 de maio de 1980, a Igreja da Irmandade do Nosso Senhor do Bonfim e Nossa Senhora do Paraíso, situada na Rua Monsenhor Manoel Gomes 241, em São Cristóvão. Art. 2º Ficam incluídos no tombamento do referido bem sua escala e volumetria originais, sua morfologia e características originais, tanto da fachada, quanto de seu interior, os acabamentos, revestimentos, piso original da entrada principal, elementos em cantaria, cúpula revestida com mosaico de azulejos, vãos, portões, esquadrias, sinos, elementos decorativos do altar-mor característicos do barroco tardio e demais aspectos físicos relevantes. Art. 3º Quaisquer obras ou intervenções a serem executadas no referido bem, nas fachadas do imóvel, em seu interior ou dentro dos limites de seu terreno devem ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Art. 4º Em caso de sinistro, demolição não autorizada ou obras que resultem em descaracterizações do imóvel tombado, o órgão de tutela pode estabelecer a obrigatoriedade de reconstrução ou recomposição do bem, reproduzindo suas características originais, conforme o previsto no art. 133 da Lei Complementar nº 16 de 4 de junho de 1992 (Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro). Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Rio de Janeiro, 6 de março de 2007 – CESAR MAIA – D.O.RIO 07.03.2007”

A Igreja da Irmandade do Nosso Senhor do Bonfim e Nossa Senhora do Paraíso dada a sua imensa importância para o Rio de Janeiro está em processo de tombamento pelo INEPAC sob os números 1123/2020 e 1124/2020.

Nesse momento a Polícia de Brasília através da Coordenação de Repressão a crimes contra o consumidor propriedade material e fraudes CORF/PCDF está em entendimentos com a Arquidiocese do Rio de Janeiro e a peça recuperada esta em tratativa para ser levada para o Museu de Arte Sacra da Catedral do Rio de Janeiro, local que esta sistematicamente esta recebendo as outras peças do acervo da Igreja que estão desaparecendo e sendo recuperadas ao longo do tempo.

Mas, o Brigada do Patrimônio ( 98913 1561) realiza com louvor sua função precípua que é de zelar pelo Patrimônio Histórico Fluminense e se disponibiliza 24 h por todos os dias da semana a estar atenta ao acautelamento do nosso Patrimônio .

Obrigado a todos que cooperaram para que esta ação se tornasse realmente possível e aos malfeitores vai o aviso que estamos atentos a todo momento e nossa ramificação cobre todas as áreas…

Vamos em frente, o Patrimônio não pode esperar !