Hoje vamos tratar de um caso muito curioso do Patrimônio Arquitetônico da Italia . A magnífica Catedral de Santa Maria del Fiore que é chamada de “Il Duomo” de Florença.

Quem, em qualquer tempo foi a Florença, chegou em frente a gigantesca fachada do Il Duomo e não ficou boquiaberto ? Inclusive tendo necessidade de tocar na pedra e constatar pela visão e pelo tato a grandiosidade daquela obra .

E apesar da Catedral ter sido construída na Idade Media e Renascença, sua fachada nao é daquela época, mas foi construída realmente no século XIX, seguindo os padrões, materiais e técnicas do passado, conferindo ao edifício uma elegância e nobreza inigualáveis .

Em 1971 era já a quinta igreja da Europa em grandeza, depois da Basílica de São Pedro, da Catedral de São Paulo, da Catedral de Sevilha e da Catedral de Milão. Possui 153 metros de comprimento e 90 metros de largura no transepto, enquanto o tambor da cúpula possui 54 metros.

A construção iniciou-se em 1296 com projeto de Arnolfo di Cambio sobre as fundações da antiga Catedral de Santa Reparada. Após a morte de Arnolfo, passou pela supervisão de Giotto di Bondone, depois por Francesco Talenti e teve a sua cúpula construída por Filippo Brunelleschi. Ao fim das obras da cúpula em 1436, a catedral foi consagrada pelo papa Eugénio IV.

A fachada original, desenhada por Arnolfo di Cambio, só foi começada em meados do século XV, realizada de fato por vários artistas em uma obra coletiva, mas de toda forma só foi terminada até o terço inferior. Esta parte foi desmantelada por ordem de Francesco I de Medici entre 1587 e 1588, pois era considerada totalmente fora de moda naquela altura. O concurso que foi aberto para a criação de uma nova fachada acabou em um escândalo, e os desenhos subsequentes que foram apresentados não foram aceites. A fachada ficou, então, despida até o século XIX, mas estatuária e ornamentos originais sobrevivem no Museu Opera del Duomo e em museus de Paris e Berlim.

Em 1864, Emilio de Fabris venceu um concurso para uma nova fachada, que é a que vemos hoje, um enorme e magistral trabalho de mosaico em mármores coloridos em estilo neogótico, com uma volumetria dinâmica e harmoniosa.

Dedicada à Virgem Maria, é ricamente adornada com estatuária de elegante e austero desenho. A fachada foi erguida entre 1871 e 1884 e procurava imitar o estilo florentino do século XIV.

Em 1903 terminaram-se as monumentais portas de bronze, com várias cenas em relevo e outras decorações.

Mas, quem foi Emilio de Frabris?

Emilio De Fabris (28 de outubro de 1808 – 3 de junho de 1883) foi um arquiteto italiano nascido em Florença, Itália .

Estudou inicialmente na Academia de Belas Artes de Florença, depois viajou para Roma, onde conheceu o arqueólogo Antonio Nibby, e para Veneza, onde conheceu o historiador e crítico de arte Pietro Selvatico . Em 1857-1860, ele ajudou a projetar, ao lado de Michelangelo Maiorfi , o Palazzo della Borsa em Florença. Foi professor da Academia Florentina de Belas Artes e arquiteto da Opera di Santa Croce.

O desenho original da fachada de Santa Maria del Fiore , de Giotto , foi considerado desatualizado para a catedral e por isso uma série de três concursos foi realizada para modificar o desenho original de Giotto, mantendo as linhas principais da estrutura. O desafio do concurso era criar uma fachada que reunisse duas épocas da arquitetura: o estilo gótico , que já estava desbotado, e o estilo renascentista , que era mais recente.

Em 1871, o projeto de Fabris venceu e ele imediatamente começou a trabalhar embelezando a catedral com mármore vermelho, verde e branco . Fabris morreu em 1883.

Considerando a necessidade de se finalizar o monumento, a Italia optou pelo caminho mais correto, respeitando o estilo arquitetonico do passado e se apropriando das tecnicas, dos materiais e do estilo antigo para recompor o que precisava ser recomposto. Dessa forma foi realizado um verdadeiro diálogo na arquitetura de forma que se respeitou a integridade e a dignidade do estilo original do monumento.

Isso que ocorreu em no final do século XIX foi o mesmo que ocorreu recentemente na França, depois do incêndio da Catedral de Notre Dame e o Governo abriu a possibilidade de um concurso para se escolher um novo estilo e o SENADO Frances de forma coerente e lúcida determinou que o estilo antigo antes do incêndio seria mantido.

Que esses casos sirvam de LIÇÃO para os Brasileiros na hora de pensar em restaurar e reconstruir …