Dia 09 de Julho de 2023 tivemos em Itaboraí o lançamento do Livro do IHGI que trata da História do Municipio . No nosso artigo que trata da Arqueologia e do Patrimonio tambem adentramos no tema da Paleontologia, da Geografia, Hidrologia e a Paleo-Geografia. Nesse sentido, os estudos de Eliane Canedo de Freitas Pinheiro em “Baía de Guanabara: uma biografia de uma paisagem” e as nossas pesquisas nesse assunto nos revelam que:

1) “há mais de 300 mil anos, a Baía de Guanabara era um rio, um estuário tão largo que ocupava toda a extensão entre o Pão de Açúcar e a Praia de Jurujuba. As águas que formariam a Baía corriam para outras direções. A drenagem era dirigida, primitivamente, à bacia de Campos. O aparecimento de novas formações mudou o curso dos rios, separando bacias. O nível do mar, por sua vez, chegou a estar a aproximadamente de 120 metros abaixo ou três a quatro metros acima do nível atual. Todos esses fenômenos produziram o que os cientistas chamam de rio AFOGADO, ou seja, a atual Baía de Guanabara.

2) Entre 20.000 e 18.000 anos A.P. (Antes do Presente), o nível do mar encontrava-se acerca de 110 a 130 metros abaixo do atual. O clima seco, com chuvas concentradas e vegetação rarefeita, condicionou a aceleração dos processos erosivos nas escarpas, gerando feições de relevo tais como pães-de açúcar, pontais e paredões, típicos da paisagem da Baía de Guanabara. Nessa época, a linha de costa encontrava-se a dezenas de quilômetros em direção ao oceano, expondo boa parte da plataforma marítima e todas as atuais ilhas, porções mais elevadas do maciço litorâneo. Desse modo, a Baía da Guanabara se constituía como o vale de um canal principal de um largo rio, que deveria ocupar toda a extensão entre o Pão-de-Açúcar e a ponta da Jurujuba.

3) Entre 8.000 e 10.000 A.P o nível do mar começou a subir e estabilizou-se numa cota entre 40 a 50 metros abaixo do atual nível. A Baía da Guanabara, nesta fase, constituía-se em um estuário, que atingia as proximidades da Ponte Rio-Niterói.

4) Acerca de 7.000 anos, o nível do mar atingiu o nível atual. No entanto, com as temperaturas se elevando até atingir o último ótimo climático, a transgressão marinha prosseguiu.

5) Entre 6.000 e 5.000 anos A.P., foi atingido o máximo transgressivo, com o nível do mar em uma posição entre 3 a 4 metros ACIMA do nível atual. Nesta fase, a antiga bacia é totalmente afogada, atingindo o pé da Serra do Mar e os maciços litorâneos.

Posições atualmente situadas a mais de 3 km do litoral de Caxias e Magé e 15 km em Itaboaraí eram alcançadas pelas águas do mar, ocupando a baía uma área de 800 km2, mais que o dobro da superfície atual.

6) Oscilações do nível do mar continuaram a ocorrer, sendo que, somente há cerca de 3.000 anos A.P., é atingida uma posição próxima da atual.”

Vejamos o quadro na postagem que nos permite visualizar melhor o que foi exposto acima …

Considerando, o exposto, torna-se muito simples entender o processo de ocupação do território Itaboraiense, pois uma vez que por cerca de 8 ou 9 mil anos antes do presente as populações humanas já estavam naquele território, os grupos de populações sambaquieiras estavam estabelecidas tanto as margens do vários rios que cortavam seus territórios como também nas margens da grande extensão da Baia de Guanabara que se expandia sobre seu território e transformava segmentos do território do continente hoje em margens de praias, ricas em peixes e fauna marítima. Esse contorno da água do mar da Baia de Guanabara hoje se situa acerca de 17 km de distância do que foi no passado, portanto Itaboraí, dentre todos os municípios do estado do Rio de Janeiro foi um dos que mais passou por transformações de sua paisagem em decorrência da subida e descida das águas, como ficou claro nas imagens acima.

Com isso, podemos tranquilamente assumir que não existe local e nem circunstancia para se encontrar um sítio arqueológico de importância nas terras de Itaboraí e, portanto todo o município deveria ser considerado de altíssima potencialidade arqueológica toda vez que uma empresa ou empreiteira pense em fazer uma escavação com mais de 10 cm em qualquer parte desse rico território Itaboraihense .

E um prognóstico que deve ser considerado é que se nao houver a elevaçao das águas dos mares em consequência dos efeitos climático ( estufa, degelo das geleiras, aquecimento global, etc, etc ) a tendência da Baia de Guanabara é ser progressivamente assoreada pois os detritos e material deposicional que vem dos rios que desaguam na Baía, tem progressivamente provocado o assoreamento do fundo da Baía e isso a longo prazo significará que nao haverá na regiao o espelho de água de 328 km2

Tudo isso faz parte de um tema amplo que tratamos nas nossas palestras de Arqueologia Fluminense